Sem compromissos
A subir os degraus do teatro a barraca
em santos, rápido porque já se ouve a guitarra tocada,
é a primeira vez que ouço TvRural. No andar do
concerto, um grupo de cinquenta pessoas entoa cada silaba de uma
letra cujo significado me escapa, gritada sem pudor na língua de
lisboa.
No palco a catarse dramática de
olhos fechados, explosiva gutural tensa poética e surreal
acontece.
Na altura (2001?) ninguém
escreve em português e eles fazem-no com a segurança de
quem cresceu a ouvi-lo.
A música dos TvRural pode ser
descrita como anti-pop, pela sua rejeição sistemática
das fórmulas compositivas de formatos amigos da rádio,
pela sua busca do espontâneo, do gozo e às vezes do
feio. É tudo liberdade de fazer o que aqueles músicos
descendentes do psicadélico e do progressivo querem fazer, com
arranjos elaborados e vários momentos melódicos e
rítmicos por tema, acentuando a dimensão teatral da
performance da banda, nunca antes totalmente traduzida quando
gravada. Na “Balada do Coiote” fruto talvez das experiências
extra banda de alguns dos seus membros, eles conseguem transmitir
esse ambiente que se vive ao vivo, num registo gravado.
Os TvRural nunca tiveram problemas em
beber da panela. Foram sempre o que quiseram ser. Influenciaram todos
os que os ouviram. E o novo disco -sem nunca se comprometer- apenas
desilude quando acaba.
A propósito e a pedido dos TvRural , sobre "a Balada do Coiote"
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